Solos arenosos pouco coesivos, com elevados valores de CBR, podem ser usados para base de pavimentos?
Os pavimentos com base de SAFL são revestidos por camada de rolamento esbelta com espessura na faixa de 1,5 a 3,0 cm. Porque esses revestimentos, geralmente, são constituídos de tratamento superficial invertido, é necessário que exista uma ligação perfeita entre a base e sua camada de rolamento, para que essa não venha a se soltar por causa dos esforços horizontais impostos pela ação do tráfego. Para que o problema não aconteça, é necessário que o SAFL tenha coesão caracterizada, por exemplo, através do ensaio de contração da MCT. Além da coesão, a superfície também deverá receber uma imprimadura impermeabilizante adequada, responsável, depois de curada, pela ligação perfeita da interface base-revestimento. Em laboratório essa coesão é correlacionada com o ensaio de contração, integrante da metodologia MCT e o solo compactado deverá apresentar valores de contração entre 0,1 e 0,5%. Nesse caso, o solo arenoso fino apresentará uma coesão satisfatória, gerará uma interface base revestimento resistente e seu revestimento não se soltará com os esforços provocados pelo tráfego. Na prática, a constatação da coesão do material pode ser inferida com auxílio do padrão de trincamento, visível na superfície da base, geralmente, após três dias da conclusão de sua execução, desde que não ocorram chuvas. O padrão de trincamento é caracterizado pela largura das trincas e pelas dimensões das placas. Por exemplo, padrão de 2 a 3 mm de largura e placas na superfície com dimensões da ordem de 20 x 30 cm, indica bases coesivas; padrão de 1 a 2 mm e placas de 40 x 40 cm, coesão média da base, porém ainda aceitável. No entanto, bases com largura da trinca inferior a 1,0 mm e placas de metro em metro, possuem coesão baixa e, por isso, não propiciam uma aderência adequada da camada de rolamento. Outro diagnóstico de solos extremamente arenosos e com baixa ou nenhuma coesão é obtido após a base ser imprimada e com a ocorrência de uma penetração da imprimadura, na superfície da base, da ordem de 1,0 a 2,0 cm. Nesse caso, provavelmente durante a execução do seu revestimento, ou quando ele estiver em serviço, a superfície da base “estilhaçará”, formando um pó escuro (solo+betume), abaixo do revestimento. A explicação para o problema é que há o cravamento do agregado do revestimento na superfície da base, pela ação do tráfego e, como a camada superficial da base não tem uma deformação compatível com o esforço, origina-se a ruptura da superfície, gerando o pó escuro referido. Já nos solos que apresentam coesão, esse fenômeno não ocorre e a penetração da imprimadura é de 0,2 a 0,8 cm. Nesse caso, há aderência perfeita entre a camada de rolamento e a base, mesmo em rampas fortes com inclinações da ordem de 8%. Não há escorregamento da camada de rolamento quando o solo apresenta coesão adequada, segundo os critérios de escolha de solos para bases de SAFL. No início do uso das bases de SAFL, alguns projetistas julgavam que o importante era o solo apresentar um elevado valor de CBR e usavam, para a base, os solos extremamente arenosos e pouco argilosos, escolhidos pelo seu alto índice de suporte. Essa crença levou a muitos insucessos, devido aos escorregamentos do revestimento sobre a base. Atualmente, o critério de escolha de solos para bases não privilegia somente o valor de suporte, pois devem ser analisadas, também, todas as características mecânicas e hídricas do solo. A figura 45 mostra o escorregamento de camadas de revestimento (seguido de descolamento), sobre bases de SAFL, pouco coesivas, do tipo LA.
Tag:bases, custos, pavimentos, revestimentos