Revestimentos Betuminosos
Uma das características peculiares na execução de pavimentos de baixo custo é a utilização de camada de rolamento de pequena espessura, geralmente de 1,0 a 3,0 cm, e a adoção de tratamento superficial duplo ou triplo invertido, com o uso de cimento asfáltico de petróleo, ou emulsão asfáltica RR-2C. A camada de rolamento em pavimentos de baixo custo não tem, necessariamente, função estrutural, mas sim a função de proporcionar segurança e conforto aos usuários, proteger a base das intempéries e evitar a ação abrasiva dos pneus dos veículos. Os processos executivos de revestimentos betuminosos dos tipos tratamento superficial e concreto betuminoso usinado a quente, seguem as especificações de serviço do DER/SP. Tratamentos Superficiais (TS) – Ligante Betuminoso Deverá ser utilizado cimento asfáltico de petróleo, do tipo CAP-7 (preferencialmente) ou CAP-20 e, no caso de emulsões asfálticas, o tipo RR-2C em estado natural, ou modificado por polímeros. – Agregados Pode-se utilizar pedra-britada, cascalho ou seixo rolado britado. Esse material deve ser constituído por partículas limpas, duras e duráveis. A abrasão Los Angeles não deverá ser superior a 40% e a porcentagem de grãos defeituosos deverá ser inferior a 25%. – Graduação Uma graduação utilizada com sucesso em tratamentos superficiais duplos invertidos, em diversos trechos no Estado de São Paulo e Paraná, está indicada na tabela 17. – Dosagem da Taxa de Agregados A dosagem da taxa de agregados, tanto para o graúdo, quanto para o miúdo, pode ser obtida colocando os agregados ombro a ombro, em uma bandeja metálica de área conhecida e, posteriormente, medindo-se o volume dos mesmos. A taxa de agregado é obtida multiplicando-se por 1,15 o quociente do volume de agregados na área da bandeja, acrescido de 15%. Geralmente, para agregados com índice de forma adequado e para agregado britado de basalto ou diabásio, tem-se: • 1º Aplicação Agregado Graúdo – 12 a 13 l/m2 • 2º Aplicação Agregado Miúdo – 5 a 6 l/m2 A dosagem obtida em laboratório deverá ser aferida no primeiro segmento em que for executado o tratamento superficial e, se for o caso, deverá ser ajustada no campo, a fim de obter a dosagem definitiva, para que não haja sobreposição ou falta de agregados. – Dosagem da Taxa de Material Betuminoso A taxa de material betuminoso poderá ser obtida com o método de dosagem de Hanson. Ele permite, para tratamentos superficiais duplos, a obtenção correta da taxa de ligante betuminoso e produz revestimentos de alta qualidade. A taxa de ligante betuminoso pode ser obtida com a seguinte fórmula: Taxa CAP = 0,133xEmin em l/m2, onde: Emin é a espessura média, em mm, da menor dimensão do agregado da camada que recobrirá o ligante. A dimensão pode ser medida com paquímetro em, no mínimo, 100 agregados escolhidos aleatoriamente. Geralmente, para agregados com índice de forma adequado e para agregados britados de basalto ou diabásio, tem-se obtido as seguintes taxas de aplicação de material betuminoso: • 1º Aplicação – 0,9 l/m2 • 2º Aplicação – 1,1 l/m2 Essas quantidades são orientativas e as taxas corretas devem ser obtidas com a dosagem referida para o uso de ligante CAP. No caso de se utilizar emulsão RR – 2C, a taxa obtida deverá ser corrigida da seguinte forma: Taxa RR – 2C = (Taxa CAP/0.67) x 1.15 – Considerações Sobre a Técnica Construtiva Uma camada de revestimento, apesar de bem dosada, pode apresentar um comportamento inadequado quanto aos aspectos de vida útil, conforto e segurança, se não houver uma série de cuidados construtivos. Nos tratamentos superficiais, em especial nos duplos, a homogeneidade e a taxa de aplicação de ligante (CAP), são de suma importância. É necessário, portanto, um equipamento espargidor em condições ideais de funcionamento. Tendo em vista tal dificuldade, o uso de tratamentos superficiais com emulsão RR-2C tem sido bastante recomendado, inclusive com capa selante, por permitir uma maior taxa de aplicação do ligante. O tratamento superficial não deve ser executado durante os dias de chuva. Para a rolagem da primeira camada de agregado, é recomendado o emprego de rolo pneumático de pressão variável, com a finalidade de não danificar em demasia a superfície da base constituída por solos lateríticos. O controle tecnológico de sua execução deverá ser seguido com rigor, pois, variações na dosagem e na técnica construtiva, podem acarretar danos no pavimento em curto período de uso. Fonte/ livro: “Pavimentos de Baixo Custo para Vias Urbanas” – Bases Alternativas com Solos Lateríticos (Douglas F. Villibor e outros)