Por que não se recomenda o uso de Critérios Tradicionais para o Estudo das Bases com Predominância de Solo Fino Laterítico?
Os critérios tradicionais para o estudo de bases estabilizadas granulometricamente (também designadas de Solo-Agregado, pelas ASTM e AASHTO), geralmente adotados nos organismos rodoviários brasileiros, foram fundamentados em solos e condições ambientais de climas temperados e frios.
Dois aspectos principais devem ser considerados no projeto de bases de pavimentos nas regiões tropicais:
- Natureza peculiar dos materiais, sobretudo solos, disponíveis para a sua construção.
- Natureza peculiar do ambiente em que as bases e sub-bases de pavimentos ficam sujeitas ao clima tropical úmido.
Quando a escolha dos solos, ou das misturas de solos-agregados, para uso nas regiões tropicais é elaborada com base em critérios desenvolvidos para regiões de climas temperados e frios, várias dificuldades ocorrem, destacando-se:
- Relativa pobreza de materiais granulares naturais que satisfaçam integralmente as especificações tradicionais.
- Necessidade de onerosas correções na granulometria e nos índices plásticos dos solos que, mesmo após essas correções, muitas vezes não apresentavam bom desempenho como base de pavimentos. Fracassos frequentes ligados a esse mau desempenho aconteciam, sobretudo, quando o solo continha elevada porcentagem de macrocristais de caulinita e micas, de várias granulometrias. Esses minerais têm sido encontrados, frequentemente, nos solos
tropicais típicos designados de saprolíticos. Verificou-se que esses fracassos estavam ligados a baixos valores de suporte e do módulo de resiliência.
Por outro lado, muitos solos lateríticos, que não atendem aos critérios tradicionais de granulometria e de propriedades índices, podem ser apropriados para bases por possuírem: elevado CBR, baixa expansão e elevado módulo de resiliência, entre outras propriedades.
Foram essas dificuldades que levaram os autores deste livro, após um período de mais de 30 anos de exaustivos estudos de laboratório e de campo com solos lateríticos e saprolíticos, a propor a Sistemática MCT, que abandona os critérios tradicionais, para o estudo das bases descontínuas (constituídas por misturas de agregados e finos lateríticos) e de SAFL.